O primeiro post e o olhar estrangeiro
Humor Paulistano
“V: Por favor, uma informação. Onde fica a sala...
P: Desculpe, mas só posso dar informações a pessoas que façam mais de 5 perguntas.
V: ...
P: Ou se você chutar minha perna direita que acabou de ser operada para eu sentir muita dor.
V: ... ?
P: Brincadeira, pode perguntar.”
Considere a letra V como Vica e a letra P como Policial Militar, dentro da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. Agora imagine a minha cara ao descobrir que (sim, hunf) existem policiais de bom humor. Eu ia escrever que existem policiais engraçados, mas ainda não consegui achar graça nessas respostas. Será que eu deveria ter chutado a perna direita da autoridade? Hmmm... talvez eu volte lá esta semana. Vamos ao caso nº 2:
Decisão do nome do blog entre o grupo, personagens: Aline, Bianca, Gisele, Mariana, Rebeka, Vica (como eu não lembro quem disse o quê, colocarei apenas travessão)
- E se o nome fosse paranóia paulistana? Sabe cidade agitada e tals...
Nesse momento todas começaram a rir, menos a letra V (pra variar)...
- Boa, para a nóia dos paulistanos (cabe-se frisar que na fala “para a nóia” fica “paranóia”)
- er... não entendi...
- Para espaço nóia paulistana, entendeu, nóia, muvuca (seguido daquele sinal feito com o indicador e o polegar que significa “entendeu, isso foi uma piada”)
- Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh, legal.
Não me acostumei ainda com o humor dessa São Paulo.
O engraçado no Sul é um causo exagerado, resquícios de crônicas e pequenas histórias que exemplificam a situação (nada como começar um post com 2 casos), sempre em eternas competições comparativas para ver quem conseguirá estender até a última palavra. Basicamente: é engraçado aquele que inventa mais, naquela síndrome de pescador. E acreditem, isso é engraçado (lá, porque aqui sempre acreditam nas nossas mentiras).
Mas, nesta cidade, o humor se esconde ou em trocadilhos (quem é amigo do Rafa Zito aqui?), violência (engraçadas ameaças?? Acho que não) e sexo. Talvez as palavras mais engraçadas do vocabulário paulista sejam “comer” e “dar”. Não importa onde você esteja, se alguém falar essas palavras, pronto, já vira um fuzuê danado. O sentido sexual parece aflorar até nos xingamentos daqui, sempre é “vai tomar no seu...” ou “vai dar o ...” ou “é a ... da sua mãe”, e etc.
No Sul, xingar é simplesmente chamar a pessoa de bosta e pronto. Acabou toda a raiva mundial e o dia segue alegre.
Aqui, no entanto, não se vê muitas gargalhadas, apenas risinhos sacanas e olhares irônicos. Não que eu chame os paulistas de cínicos ( CÍNICOS!), mas todo o humor é camuflado na burocracia da rotina. È um comentário aqui e um sussurro lá. As críticas nunca são abertamente defendidas e a voz sempre abaixa frente à áurea politicamente correta.
Sinto falta do Sul, das gargalhadas e das brigas explícitas que, justamente por isso, não guardam mágoas. O dia simplificado pelas palavras de Veríssimo na página do jornal é a prova de que tudo passa.
Enquanto isso, São Paulo progride, ironicamente, numa única cor: o cinza, no humor e nas máquinas. Ou até o Kassab resolver pintar tudo de roxo.
Nota: seria este post uma crise narcisística à la Caetano?

