terça-feira, 24 de abril de 2007

Os vendedores

Em São Paulo, impossível andar sem se deparar com muitos vendedores ambulantes. Estes, a gente até acha engraçadinho, pára para olhar o que eles vendem e até leva uma bugiganga que não percisamos. Mas há uma nova “leva” de vendedores pelas ruas, que eu chamo carinhosamente de sanguessugas.

Eles sempre aparecem de fininho, sem deixar rastros. Enquanto caminhamos tranqüilamente, eles nos entregam uma revista ou um cartão desses de aniversário. Você, como um transeunte distraído, muitas vezes aceita sem pensar e continua a caminhar. Porém logo eles correm (literalmente) atrás de você para informar que a mercadoria não é de graça – e tem um preço salgado.

Com isso, toda a sua boa vontade acaba indo para o espaço. Enquanto ouve o vendedor dizer que a revista “é para ajudar a pagar a formatura da faculdade”, “ajduar criancinhas carentes do sertão nordestino”, e até mesmo “melhorar a sua cultura”, você começa a sentir aquela terrível sensação de que está sendo enrolado.

Sim, em 90% das vezes você estará sendo enrolado da pior maneira possível. O vendedor conta uma estória qualquer que aquece o coração de qualquer um. E, no meio da conversa, ele solta a bomba: pagando 30 reais pela revista…

E você, cidadão comum, não ouve mais nada; larga a revista na mão do sujeito e sai com fama de mal-samaritano.

Esse ainda é o lado bom da coisa. Como aconteceu com a Rebeka (que escreve dicas culturais gratuitas na sexta-feira), o vendedor ofereceu o produto e, após pagamento, retirou-o das mãos dela, alegando “ser apenas ilustração”. Ou seja, ele queria dinheiro simplesmente.

Ou então como aconteceu comigo, o vendedor de cartões disse que me daria troco de 7 reais, mas só tinha 4. E ainda tem a cara de pau de dizer que eu estava pagando pelas idéias contidas no cartão aqueles bem cliché que encontramos em qualquer papelaria. E então, quem quer pagar 6 reais em um pedaço de papel? Ah, o envelope é cortesia!

Não sei o quanto essa prática é comum no interior de São Paulo ou em outros Estados.Eu a acho abominável. Será que estou ficando cinza, como a cidade?

Bianca escreve às terças e não pretende fazer um estudo sociológico de nada, só dizer o que a incomoda na cidade. Ela tinha uma foto para colocar, mas não a encontrou no e-mail. Culpa do Diretriz.