O Grande Irmão e a Virada Cultural
Passando pelas ruas, pelo metrô e pelos ônibus da capital, cheguei à uma quase conclusão: vivemos em 1984, no mundo de Winston Smith e do Grande Irmão. Por quê? As câmeras, por exemplo, instaladas em lugares públicos e privados da cidade, dizem que oferecem segurança para uma população aterrorizada por seqüestros-relâmpago, assaltos, mendigos nas ruas, e uma lista imensa de 'perigos'... Segurança? Ou vigilância? Até que ponto equipamentos de alta tecnologia podem melhorar a segurança de uma metrópole? Os números dizem que os assaltos diminuíram com a presença das câmeras no centro, mas o problema é de outra natureza.
Os Winston paulistanos são cidadãos enquanto trabalham para pagar suas contas, consomem produtos de maneira descontrolada, acreditam nas notícias de jornal e ficam bem quietinhos. Aceite as regras e você será aceito. Os mendigos? Continuam na cidade, apenas foram deslocados de lugar para que Sua Santidade conheça uma bela São Paulo...
A dica cultural para este final de semana não poderia ser outra: Virada Cultural, que acontece a partir das 18h de sábado (05) e vai até as 18h de domingo (06). As atrações do evento se concentram na região central da metrópole, em lugares como a Praça da Sé, Teatro Municipal, ruas XV de novembro e rua Direita. Aproveito para reforçar a dica da Gisele: monte sua programação e vá caminhar pelo centro, entre milhares de pessoas. O perigo da cidade não está nas ruas, mas na omissão da realidade que elas representam.
Em sua 3ª edição, a Virada conta com shows de Alceu Valença, Paulinho da Viola, Balé Stagium, Pato Fu, O Teatro Mágico, entre outros. Se o caro leitor quiser uma boa dica de leitura (além dos textos deste blog...), o romance 1984, de George Orwell, é uma ótima opção.
Para conferir a programação da Virada e montar seu roteiro, visite o site www.viradacultural.com.br.
Rebeka Figueiredo escreve no Para nóia às sextas e parece meio maluca esta semana.
*Foto: Rebeka Figueiredo, no centro de São Paulo.