segunda-feira, 26 de março de 2007

Em busca do assunto perdido


A Gisele falará sobre comunidades. Ela se identificou.

A Aline escreverá sobre observações feitas durante o trânsito. Ela também se identificou.

Eu não sei sobre o que vou falar. Então não me identifiquei. Mas como já é o segundo post, criarei vergonha na cara:

Prezados numerosos y fervorosos leitores internautas, yo soy a Vica. Muito prazer. Nasci em Buenos Aires, Capital del Mundo, y estoy aqui para dar o ar de minha graça nesta cidade. Apesar de não ser linda y radiante (como toda Argentina, soy modesta), y embora yo ainda não tenha feito um safári na África, nunca fui assaltada, o que limita minha criatividade perante outros jornalistas. Para amenizar esse mal-estar, resolvi me especializar em um assunto, com historinhas que repetirei a cada nova pessoa que cruzar o meu caminho, até eu ter 97 anos. Então, CUIDADO ao cruzar comigo pelos corredores, pois, quando usted menos esperar, lá estarei yo contando sempre os mesmos causos até que usted me deporte.

Bom, haja nariz de cera para falar sobre Polícia Militar. Post passado contei um causo que se passou na Assembléia (a casa de todo cidadão, ai caramba!), e qual foi a sorte de destino que me jogou nos braços (literalmente) de outro PM.

Destino: Palestra Itália, Palmeiras X Marília, último sábado, 18:10, eu e mais dois amigos (o lead tá completo?).

Fato: depois de trinta minutos de fila pra entrar no estádio, chega a hora preferida dos marmanjos – a revista policial. Minha amiga foi primeiro, e qual não foi minha surpresa ao ouvi-la dizer que foi assediada (não revelarei o nome de Sabrina R. Machado para que ela não se sinta constrangida neste relato, o que acarretaria num processo, especialmente se ela contratar a nossa professora de legislação, o que resultaria num negativo na caderneta, mas caso este processo se encaminhe, lembre-se: não fui eu que apalpei o seu bumbum! Foi a PM!), mas a personagem principal não é a Sabrina, mas eu. Na verdade, foi a minha mochila, ou melhor ainda: o que estava dentro dela.

Todos (?) sabem que não se pode adentrar com certas coisas num campo de futebol, por exemplo: você não pode entrar com uma lata de cerveja, nem com uma garrafa de água, nem com um rifle. Mas você pode entrar com um rojão. Agora vem a pegadinha: se você for uma pessoa metida a pseudo-intelectual e for com um livro, o que acontecerá contigo?

a) a PM apalpará o seu bumbum;
b) a PM vai te contar o final da história;
c) a PM nem notará a sua presença, já que só está lá pra pegar um autógrafo de Edmundo ao final da partida;
d) a PM dirá: não pode entrar com livros, pois é material inflamável e apresenta perigo para o espetáculo.

Se você chutou a letra a, b ou c, é melhor voltar pro banco e ficar ao lado do Florentín, ao menos não fará merda, nem perderá o gol livre de goleiro. Mas se você escolheu a letra D, PARABÉNS! Isso quer dizer que você já tentou entrar num estádio com um material subversivo como o livro! (claro, pra saber disso só passando por esse papel).

Agora me explique, ó paulistano esperto como sois: o livro é inflamável, certo? Mas como ele pega fogo? Com um isqueiro? E eu posso entrar com um isqueiro para acender o meu cigarro tranqüilamente, enquanto o gol do Osmar é anulado injustamente? Pode. Mas o isqueiro não faz fogo? E o fogo não queima? Ok, próxima questão: o gordão do tambor da Mancha Verde pode entrar com aquele bumbo enorme, com aquele pedaço de pau pesado pra dar a cadência necessária à torcida (que pode muito bem quebrar a cabeça de um são Paulino v...) sem apresentar perigo algum, além dos rojões que volta e meia se escuta, mas eu não posso entrar com um pedaço de papel? Logo, eu sou mais subversiva que um integrante de torcida organizada, mais suspeita que um corinthiano e mais perigosa do que um fumante com seu isqueiro?

Bem, como a história está muito grande vou finalizar logo: o livro não foi apreendido, nem foi utilizado para incendiar a graminha, o que me deixou aliviada, já que caso contrário eu estaria devendo 40 reais para a Aline. Ah, e com a distração provocada pelo material, a PM não passou a mão na minha bunda. Moral da história: Cultura é a melhor arma contra o assédio.

Enquanto isso, a Sabrina se encontra estável num hospital psiquiátrico, fazendo terapia para se livrar do trauma.