domingo, 27 de maio de 2007

apologia

Da janela do meu quarto não se vê São Paulo, nem parte de São Paulo. (talvez fosse arquitetura de São Paulo). Janelas de prédios de quatro andares de cinqüenta anos enfileirados enfrentando uns aos outros para que as pessoas que não se encaram nas ruas tenham que se encarar de dentro de casa. Em frente à minha, uma janela com uma parede esquisita.

As janelas se olham desesperançadas porque ninguém se vê. À primeira vista, na primeira calçada da Paulista ou nos terminais de ônibus, os olhos não se olham com medo de se encontrar. E acho que por isso a gente constrói janelas que se fitam, românticas, à espera.

Nos pontos de ônibus, há espera. Nos restaurantes, nos bares, nas salas, nas esquinas, há espera. As janelas esperam com mais calma que as ruas que sangram a cidade.

Espere, caro leitor, que nesse blog a gente volta a escrever quando as nossas esperas vencerem.

Aline Scátola, como todo mundo que tenta manter esse blog funcionando, não achou tempo na sua correria para esse domingo e por isso tentou fazer uma defesa vazia da relação Cidade - tempo - gente que não se organiza. E sabe que isso não é desculpa.