segunda-feira, 21 de maio de 2007

Dólar a preço de banana - a próxima atração das lojas de R$1,99


Caro (já que o texto é econômico) leitor,

na coluna Dindim is Money deste mês, tentarei aproximá-lo do dólar. Aquela notinha verde, com a cara dos presidentes dos States, sabe? Que substituiu o ouro como lastro internacional depois de 1971, instituindo de vez a globalização imperialista amparada nos conceitos liberalistas (aiii).

Pois bem, na última terça-feira, conseguimos (?) um recorde na cotação do dólar: finalmente, a moeda estava abaixo dos 2 reais, fato que não se repetia desde janeiro de 2001. Desvalorização de um lado, valorização do outro: o Real forte retrata a realidade de um crescimento econômico em escala global, impulsionado, principalmente, pela China (talvez o texto da semana que vem). Mas não se animem, o crescimento de uma nação como o Brasil tem sido pífio e frustrante, mas deixa o Haiti, ops, o nosso país pra lá. (LEITOR, A GENTE SE VÊ NO ÚLTIMO PARÁGRAFO?? SAUDADES...)

Essa política cambial foi decorrente de duas outras criadas em conjunto com o plano Real (quem quiser falar do FHC deixa um comentário, meu texto não abordará gestão federal): a primeira foi em 94, a famosa "paridade" de um por um (época mais feliz da classe média, que finalmente conseguiu tirar foto ao lado do Mickey... eu não tenho foto com o Mickey, só com o Cascão...); depois, 95, veio o "sistema de bandas", em que o dólar oscilava dentro de uma faixa pré-determinada (o que resultou em minidesvalorizações que culminaram em inúmeras dívidas externas e acordos com o FMI), e, desde 99, estamos com um câmbio flutuante, influenciado pela oferta e demanda do mercado internacional.

Quando Lula assumiu, o dolár custava R$3,99 (essa desvalorização do Real foi gerada pelo clima de insegurança e especulação que um líder populista, e até pouco tempo defensor da moratória - calote ao Banco Mundial - incitava, mas Pedro Malan pareceu prever o futuro, e, assim, completou-se Zaratrusta).

Porém, desde 2004, o dólar começou a cair... cair... e caiu... Hoje, custa R$1,96 e pode ser encontrado na loja de R$1,99 mais próxima de sua casa. E a pergunta é: Por que o dólar caiu?

Se há maior oferta que demanda no mercado, os preços dos produtos caem, o mesmo ocorre com as moedas. No Brasil, há mais dólar entrando, do que saindo. Entra, principalmente, pela exportação (e nossos eternos recordes de commodities), pelo investimento estrangeiro direto (investimento em empresas e multinacionais), investimento estrangeiro financeiro (em ações e títulos, sim, os gringos dominam as ações de... adivinha?! soja, mineradoras, gado) e turismo. E sai quando o Brasil vira o agente dos exemplos acima.

E é bom estar nessa situação? É para os importadores e consumidores, com um poder de compra maior e redução de preço em tecnologias e alimentos industrializados, além de facilitar a compra de maquinário para investimento interno. Péssimo para setores que utilizam mão-de-obra e têm os preços taxados por leilões comparativos (a palavra começa com "commo" e termina... termina?)

Bom, o assunto já saturou, né? OLHA AQUI = RESUMÃO: se o país têm BONS indicadores e é confiável, há mais OFERTA que demanda de dólar, o que faz o dólar CAIR, o real SUBIR, a inflação CAIR (olha a montanha russa), o poder de compra CRESCER, importação AUMENTAR e a indústria nacional (caso não haja amparo fiscal, nem redução da carga tributária) CAIR, causando DESEMPREGO, que será um MAU indicador, que fará a DEMANDA crescer mais que a oferta, o dolár vai SUBIR, o real DESCER, a inflação SUBIR (tô enjoada, esse looping é f...), o poder de compra DIMINUIR, a exportação CRESCER, e a indústria nacional SUBIR, e lá vamos nós de novo...

E pra fechar com chave de ouro, uma frase do nosso Presidente: "Não tem milagres. O governo fará a sua parte, mas não haverá mágica". E, por acaso, alguém ainda acredita em "milagre econômico" no Brasil?


Vica Prestes escreve sempre às segundas-feiras, e está pensando em juntar moedinhas para ir ao banco trocar por uma verdinha...