A mulher chega em casa após um longo dia de trabalho. Começa a dar bronca nas crianças, que deixaram todos os brinquedos espalhados pela casa. Vai fazer a janta e tomar um banho.
O marido chega em casa após um longo dia de trabalho. Confortavelmente troca de roupa, senta-se no sofá esperando o jantar ficar pronto. Reclama do time de futebol, reclama da política, reclama da economia.
A mulher arruma a mesa. O homem senta-se à mesa esperando. Às vezes, o homem ajuda a controlar a alegria furiosa de suas crianças de 2 anos. Na maioria das vezes, ele deixa esse serviço para a mulher.
Após a janta, a mulher recolhe pratos, talheres, copos e travessas e se põe a lavá-los. Ou chama uma de suas filhas adolescentes para tal tarefa. Os meninos adolescentes vão jogar videogame ou mexer no computador.
O homem termina o jantar, senta-se de novo no sofá e vai assistir à novela das nove ou o futebol após a novela. Nega que gosta da novela; diz que assiste porque a mulher gosta. Grita quando o time faz besteira, comemora quando o time marca.
O garoto sempre teve sua masculinidade reforçada por bonecos de ação musculosos, bolas de futebol e carrinhos. A menina sempre teve sua feminilidade aflorada por brinquedos que imitam as coisas da mãe, como maquiagem, roupas, sapatos e utensílios domésticos.
A adolescente aprendeu desde cedo a lavar suas calcinhas. O adolescente nunca lavou suas cuecas; alguém fará por ele.
E, depois, acham que há igualdade entre os sexos.
Bianca escreve às terças e sabe que o texto está subjetivo. Porém, já não viram essas situações acontecerem?
Ah, amanhã não tem paralização no metrô.